Elementar meu caro Watson....desaparecer, eliminar provas, vestígios, porque daquele dia em diante, nada mais seria como antes.
Quando avisaram a menina e ela veio condolenciar o pai, a cena até os dias atuais não sai da sua memória mental, quando assim que chegou deparou a profunda tristeza do velho sentado em uma cadeira de balanço em frente da televisão desligada, com os óculos em uma das mãos, tendo a outra apoiando a cabeça com os olhos marejados de lamentação.
Daquele momento em diante a primeira doença se instalaria.
E a única frase que ele repetia:
“Meu Deus, o que será da mamãe daqui pra frente...esse meu irmão era a vida dela...” De mamãe que todos os filhos a trataram até o final do seu tempo, que durou mais 7 anos depois da perda do enclausurado filho onde ela acabou se enterrando aos 105 anos vítima de um aneurisma abdominal num dia 28 de Maio de 1995, na mesma Beneficência Portuguesa, onde o nono Adão tinha título patrimonial. Ele não precisaria assim pensar, porque a vida dela continuaria normal, apenas daquele momento em diante, trocaria o zelador do patrimônio, que automaticamente foi substituído pelo caçula arfi que agora já tinha mais a ajudante lídia, fornecendo a alimentação, higiene pessoal, assistência médico hospitlar, enquanto a anciã passava os dias inteiros em uma cadeira que ficava no abrigo dando milho aos pombos na calçada da rua e as noites dormia sozinha muito bem com todos os seus diabinhos.
Certidão de óbito: Deixa 1 casa, 1 chácara que estavam com muitos usos e poucos frutos, 2 filhos, 4 noras, 6 netos, 8 bisnetos.
Mas não antes de no ano anterior ter enterrado o filho Iraldo no dia 15 de Maio de 1994, com desdobramentos de doenças degenerativas tendo por gatilho inicial um fecaloma (doença que acumula fezes na excreção terminal e se um outro humano não fizer a limpeza manual usando luvas nas mãos e retirando o bolo fecal diariamente que vai obstruindo o canal anal, é que entendemos porque ninguém contesta mais que o chefe do corpo não é mesmo a cabeça), seguindo com marca passo, somando um Mal de Parkson, depois a instalação da diabetes que finalmente o derrubou vítima da infecção generalizada com amputação de perna esquerda devido a proliferação da erisipela e o coração todas as atividades de ajuda vitalícia encerrou. Missões cumpridas.
Certidão de óbito: Deixa bens, uma filha, um neto e uma abonada pensionista.
E esse amoroso filho foi respeitando e amando todos os membros das 4 famílias emaranhadas até o seu fim, que também já tinha enterrado a amada filha irmã da menina que morreu no auge da melhor idade aos 47 anos em plena terça-feira gorda de carnaval num dia 06 de fevereiro de 1989, dois anos depois do principal.
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