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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

FEIXE DE VARAS - pg.43


Elementar meu caro Watson....desaparecer, eliminar provas, vestígios, porque daquele dia em diante, nada mais seria como antes.

Quando avisaram a menina e ela veio condolenciar o pai, a cena até os dias atuais não sai da sua memória mental, quando assim que chegou deparou a profunda tristeza do velho sentado em uma cadeira de balanço em frente da televisão desligada, com os óculos em uma das mãos, tendo a outra apoiando a cabeça com os olhos marejados de lamentação.
Daquele momento em diante a primeira doença se instalaria.
E a única frase que ele repetia:
“Meu Deus, o que será da mamãe daqui pra frente...esse meu irmão era a vida dela...” De mamãe que todos os filhos a trataram até o final do seu tempo, que durou mais 7 anos depois da perda do enclausurado filho onde ela acabou se enterrando aos 105 anos vítima de um aneurisma abdominal num dia 28 de Maio de 1995, na mesma Beneficência Portuguesa, onde o nono Adão tinha título patrimonial. Ele não precisaria assim pensar, porque a vida dela continuaria normal, apenas daquele momento em diante, trocaria o zelador do patrimônio, que automaticamente foi substituído pelo caçula arfi que agora já tinha mais a ajudante lídia, fornecendo a alimentação, higiene pessoal, assistência médico hospitlar, enquanto a anciã passava os dias inteiros em uma cadeira que ficava no abrigo dando milho aos pombos na calçada da rua e as noites dormia sozinha muito bem com todos os seus diabinhos.
Certidão de óbito: Deixa 1 casa, 1 chácara que estavam com muitos usos e poucos frutos, 2 filhos, 4 noras, 6 netos, 8 bisnetos.

Mas não antes de no ano anterior ter enterrado o filho Iraldo no dia 15 de Maio de 1994, com desdobramentos de doenças degenerativas tendo por gatilho inicial um fecaloma (doença que acumula fezes na excreção terminal e se um outro humano não fizer a limpeza manual usando luvas nas mãos e retirando o bolo fecal diariamente que vai obstruindo o canal anal, é que entendemos porque ninguém contesta mais que o chefe do corpo não é mesmo a cabeça), seguindo com marca passo, somando um Mal de Parkson, depois a instalação da diabetes que finalmente o derrubou vítima da infecção generalizada com amputação de perna esquerda devido a proliferação da erisipela e o coração todas as atividades de ajuda vitalícia encerrou. Missões cumpridas.
Certidão de óbito: Deixa bens, uma filha, um neto e uma abonada pensionista.

E esse amoroso filho foi respeitando e amando todos os membros das 4 famílias emaranhadas até o seu fim, que também já tinha enterrado a amada filha irmã da menina que morreu no auge da melhor idade aos 47 anos em plena terça-feira gorda de carnaval num dia 06 de fevereiro de 1989, dois anos depois do principal.
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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FEIXE DE VARAS - pg.42


Foi mantendo a horta de verduras e legumes e muita fruta tendo até bananeiras, caquis, laranjas de todos os tipos, mamoeiros, limoeiros, mangueiras, jabuticabeiras e tentou criar tilápias em tanques, mas desistiu por estar sendo roubado pelos vizinhos de cima, nos períodos em que não podia a vigilância intensificar, conservou a construção primária que serviu de moradia para um caseiro com família registrado e um barracão enorme com todos os tipos de máquinas e todo o tipo de ferramentas, tornos, serras elétricas, esmeril, que disponibilizava em manutenção permanente para a irmandade junto com outros parentes que já iam dilatando aquela família raiz, cunhadas, sobrinhos que já iam se ramificando e tudo realizou sem a ajuda de nenhum irmão.

E todo fim de semana os freqüentadores assíduos Arfi, Tizó e Durico, retornavam pra suas casas com os porta malas abarrotados. 
O veia, com seu corcel ou camionete, não poupava nenhum tipo de esforço, para que a mamãe da distribuição se encarregasse, onde de vez em quando escolhendo as piores colheitas, doavam para aquela família orgulhosa, que também vez em quando em comemorações se encontravam.
Quem mesmo se fartava sem nunca ter posto o pé naquela estradinha de terra com cascalhos pedriscada, eram os vizinhos ricos ou amigos mais interessantes mas teve um único agregado de nome Natal, casado com a prima Mirtes que é filha do falecido tio Durico, que residindo na casa herdada pelo sogro na baixada bugrina fazendo divisas com as redondezas da montanha das Paineiras do tio Irardo, entregava naquela porta, em serviço social, folhas de caquizeiros que era o único pedido da esposa dedicada, para que o chá de diabetes continuasse enganando o veinho onde sempre alegava que nunca mais era  tempo de  nenhum tipo de fruto.

Já corria a década de 80, e a nona permanecia firme e forte enterrando outro filho Durico, até que num dia de novembro de 1987, esse sorterão bateu as bota, vítima de enfarto por estado depressivo de consciência pra lá de pesada e de madrugada.
Morte súbita, o choque completamente fora de todos os planos e dentro da outra casa onde com a nona morava, vizinho do irmão Arfi, que já havia cerrado as portas da oficina, não antes de ter reformado naquele terreno, uma casa que em ruínas abrigava a única inquilina costureira Deolinda que a menina se lembrava.

A menina mulher nesse tempo residia temporariamente em São Paulo e quem levou o pai para atestar o fato, foi a irmã Terezinha que lá chegando só deu pra ver a movimentação de papéis, pastas, arquivos, cheques que o caçula Arfi junto com o Tizó, daquele escritório doméstico numa escrivaninha antiga, foram amontoando e passando por cima do muro, enquanto a Nona em prantos se estrebuchava ao lado do corpo do filho amado.
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sábado, 19 de novembro de 2011

FEIXE DE VARAS - pg.41


A vigilância constante fazia a fiscalização com cerco acirrado da parte da cunhada herdeira interesseira e assim se comportou durante sua vida inteira, tendo o prazer e a alegria de se livrar de 2 cunhadas que embarcaram primeiro na dianteira, não conseguindo a euforia completa pois deixou viva a outra cunhada do caçula, que era o principal desafeto.
A menina com o pai, nessas casas também ia, mas apenas ia.

Vizinhos ricos de tradição no esquinão da frente de família italiana Franceschinni, mas era na casa mais acima da Rua Antonio Cesarino que a nona toda sexta-feira ia se divertir jogando baralho “Bisca” no mesmo prazer e gosto por esse passatempo. Divertimento.
E para não ficar ouvindo o choro do filho irardo que recramava que o ouvido tava doendo, aplicava o corretivo, carregando a criança puxada pela orêia, subia  uma escadinha que ficava dentro da saleta da máquina das costuras, no escuro fechava a portinha, descia novamente pra que lá ele ficasse até parar de reclamar, e ia jogar barainho.

Para a família da nona, os festejos natalinos, aniversários eram restritos a outras famílias, mas todo Natal, o Zildo encostava na porta de qualquer uma das casas no dia da ceia de natais em que o Iraldo estivesse morando com a família e a nona ficava naquela casa sozinha, pois assim ela também queria e ninguém levava presentes pois ela também não queria...portanto também nada gastaria. Avareza.


Cansado de tanto dar o sangue por aquele clube, cujo desdobramento depois dos melhoramentos automaticamente a expansão atrairia com muitos elementos estrangeiros que agora contribuíam com a sociedade particular que acompanhava o desenvolvimento, foi lentamente se desligando da diretoria e comprou uma chácara “Nossa Senhora Aparecida”, no distrito de Tanquinho, cuja entrada passava pelo acesso de entrada para Jaguariúna, beirada pelo mesmo Rio Atibaia., sendo que nessas declarações de momento não seria possível registrar os alqueires nem aproximadamente, pois somente  após consulta das escrituras oficiais essa medida estaria nessa literatura de testemunho, exatamente transcrita.


Ali guardou seu barco a motor, que já não precisava mais de remos, onde existia uma construção muito modesta sem nenhum tipo de melhoramento e transformou aquela chácara em um clube particular na tentativa inútil e desgastante de a todo custo juntar aquela família de desgarrados ingratos, que não se deixavam iludir chamando de hipocrisia, pois todos sabiam como é que tudo aquilo se repartia. No íntimo de todos esses concorrentes, o sangue fervia e o desejo de vingança na caldeira do diabo ardia.

Construiu uma piscina imensa com vestiários completos, uma outra casa com 4 quartos confortáveis onde na sua suíte uma sauna com todos dividia. Conservou um forno a lenha, mas que nem o caseiro nunca usaria. 

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

FEIXE DE VARAS - PG.40


O primeiro corte sobrou para a cunhada honesta e boazinha Dirce que ficava de gerente, vendedora e assistente numa lojinha de aviamentos, muito pertinente aos ofícios lucrativos daquele tempo, que o nono mantinha em alugado na movimentada rua central Barão de Jaguara em frente a Galeria Trabulsi e se firmou um bom tempo com um sócio de Kombi e tudo numa empresa de utilidade doméstica com o nome fantasia de “PintaLar”.

Infiltrado no meio dos regateiros já tradicionais, foi aproveitando dos influentes Romeu Nucci dono da “Meia Elegante”, a família Righetto, jornalista e cronista social do “Diário do Povo” e amigo íntimo “Orlindo Marçal” (que era admirador da Terezinha) e prosperou em benefício próprio, onde com diploma de contador da “Academia São Luiz” a mesma em que o pai da menina em 1931 se diplomou, passou a controlar todos os bens da família.


Nada mais conveniente....afinal, os outros 4 irmãos estavam todos casados, cada um em seus casulos entocados, e mensalmente pingava dinheirinho pra todos os independentes.
O tempo seguia em frente. Entre medalhas, troféus, prêmios por ser atleta em Tênis, Remo, Natação, Futebol, Basquete, Festas, Bailes, Comemorações, foi se conceituando entre os colunáveis daquela sociedade.

EDUCAÇÃO RUDE, TÔSCA SEM NENHUMA MANIFESTAÇÃO DE QUALQUER TIPO DE AFAGO, CARINHO, PRA NÃO DAR LIBERDADE E MUITO MENOS CRIAR INTIMIDADE.

Nunca tiveram empregada nem faxineira doméstica. A nona fazia tudo sozinha, e ia desde o escovão, passando pelo capeleti caseiro até a horta com legumes e verduras, onde as frutas era o tio que trazia da feira do Cambuí, onde os 4 irmãos também sacolavam.
Diariamente o Durico colchoeiro, de bicicleta, subia da baixada do campo do Guarani da Rua Barão de Paranapanema pelas ruas alternativas e batia o ponto naquela casinha da Rua Conceição 545, 547, 549 e 551 onde do lado esquerdo, 2 inquilinos contribuíam com 1 residencial outro comercial de barbearia, com outro inquilino residencial de frente no número 524.
O tio Zildo pagava estacionamento na Rua Padre Vieira pois a casa seguia o padrão de antigamente não possuindo esse tipo de construção confortável.

Mãs...com aquela família, a mãe da menina não se misturava e raríssimas vezes visitou até o fim de seu tempo. Só ia mesmo, quando a curiosidade precisava de próprios olhos para seguir em frente. O controle de qualidade.
Conferência, vistoria e todo o tipo de velhacaria.
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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FEIXE DE VARAS - pg.39





Aguçando a curiosidade do sorterão endinheirado, foi indo até que um dia, levou o colega de braço dado para verificar com seus próprios olhos, dando assim a oportunidade do moço escolher a que mais lhe agradaria.


E era unanimidade...a que mais se encaixaria, era mesmo a mais boazinha e boazuda daquela prole animada, criando finalmente a oportunidade do pai da menina morrer acreditando que foi ele quem a escolheu, sendo que a mocinha dirce com astúcia e inteligência apenas sabia que ter sogro pobre seria muita burrice. Que humano não quer ter o direito de se dar bem depois de tanto mal? Adeus miséria, e até nunca mais.
Meus filhos não passarão pelo que eu passei e terão o que eu não tive?


A Matriz da Igreja da Catedral, era a única que realizava a procissão de finados tendo a única banda da cidade por convidados, e dali pra frente toda aquela irmandade de mãos dadas acompanhariam mesmo a contra gosto o senhor morto naquelas enfadonhas cerimônias incontestáveis.

Contam os historiadores daquela época que o coro seguia cantando:
“Colete preto...colete preto....”, até que depois de umas 5 anuidades como esta, o dúrico que era mesmo o que mais zombava dessa teatralização de rua, resolveu entregar o cargo da maneira mais sensata que sabia que o pai Adão não perdoaria mesmo.
Havia uma catraca que sempre avisava quando seria a hora da música parar, mas parece que naquele dia, o durico num tava com muita pacênça pá esperá não...e fartando 5 compassu pá mudá a marcha do cortejo, ele bateu forte naqueles prato e no meio do povão em choramingação gritou com tudo que podia emendando no coro do povão:
“Colete preto...colete preto...colete preto é a puta que pariu”.....nossa....será que o nono foi contratado novamente no ano seguinte? Sei lá, a menina ainda estava repousando bem quentinha e guardadinha no saquinho do papai.

Certidão de Óbito de Adão Gozzi: Deixa inúmeros bens imóveis, dinheiro em espécie em cadernetas de poupança e um patrimônio invejável, que foi totalmente dilapidado, pelos outros filhos, noras e netos ambiciosos, que nunca precisaram pagar alugueres, mas viveram de muitos alugados e tudo foi confiscado, e estava contabilizado e legalmente registrado.

Essa do lar matriarca conhecida por Nona, delegou a administração de todos para apenas um filho do meio também estudado e não casado, de apelido “Veia”, que iniciou trabalhos como funcionário no único “Cortume Cantúsio” que ficava na Vila Industrial do outro lado da cidade e quando o pai rico saiu da cena tão precocemente, assumiu imediatamente essa confraria e de galho em galho em muitos ramos foi negociando e começou eliminando gastos. Esperteza, restringir o montante financeiro do zóio do gato. 
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domingo, 6 de novembro de 2011

FEIXE DE VARAS - pg.38


Do outro lado da cidade, na casa da nona rica a compostura indicava para os clássicos e óperas que gastavam as agulhas diamantadas dos toca discos volumosos enquanto ela tecia colchas de retalhos cozidos manualmente em minúsculos alinhavos com formas geométricas cuidadosamente distribuídos como donativos junto as casas espíritas de caridade ou amizades que mais interessava, pois o marido falecera em 10 de Dezembro de 1954, vítima de enfarto do miocárdio aos 64 anos.

A cena do velório na sala daquela casa do nono Adão, acompanhará também a menina até o fim de seus dias.
A nona, recostada na cama de imbuia preta do casal, recebia a fila de condolências e o filho solteiro inconsolável fazia as reverências.
                                                             
 A nora Dirce vivia dizendo que bem feito: esse veio nem colocando pra fora o que já tinha virado bosta, sentava na privada comendo fatias de melancias? Pronto, agora vamos contar os dias que faltarão para botar a mão no monte de herança que esse nono com trabalho suado dias e noites em alfaiataria, junto com seu filho Iraldo tanto labutou e acumulou patrimônio sólido que virou líquido em benefício dos outros ladrões.

O nono italiano quando desembarcou nessas terras virgens, veio determinado a fazer fortuna, e na bagagem trazia um bombardino.


Entre a alfaiataria e a música, participava como músico na “Banda Ítalo Brasileira”, que o havia recebido de braços escancarados, onde depois fundou a primeira corporação musical da cidade com o nome de "Banda Progresso" pois aí sim, poderia ser o maestro e incorporar aos poucos cada filho, que foi escolhendo o instrumento em que mais se identificava, ficando a critério de prioridade do pai da menina o piston, depois a trompa de harmonia, o caçula arfi se especializou no trombone de vara, o tizó achou que o bumbo não comprometeria muito, o durico preferiu os pratos e o zirdo não se manifestou.
Assim, todos os filhos foram se compondo naquela instituição, tendo somente o pai da menina os mesmos predicados de alfaiate e o amor pela música, onde  economizando com agulhas e linhas, já tinha poupado o suficiente para comprar sua primeira casinha.
Surgiam então as primeiras amizades que novamente os dados de Einstein jogariam para que aquele filho honrado, honesto, labutador, encontrasse realmente a esposa perfeita em tudo, incluindo a sereia.

NÃO BASTA SER AMIGO DO RICO, TEM QUE SER RICO
Entre um papo e muitos outros, um desses já conhecidos de amigos, pobre e sem futuro garantido, precisava demonstrar que mantinha relacionamentos estreitos com a classe mais abonada e cada vez que naquela oficina de costura ia, comentava da virtuosidade de uma família mista e numerosa, pois freqüentava a oficina da outra relojoaria em constantes prestações de serviço com assistência técnica especializada, e ainda não tinha conseguido convencer a escolhida a aceitar sua corte oficial, e vivia insistindo para o amigo ajuda-lo nessa conquista.
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